Discurso do presidente do Confea, eng. civ. José Tadeu da Silva, na solenidade de abertura do 72ª Soea
| Presidente do Confea, eng. civ. José Tadeu da Silva |
"Essa proximidade com o cidadão faz com que o Sistema Confea/Crea e Mútua tenha a marca de parceiro da sociedade. Em nome dessa parceria, marcamos presença em momentos graves, decisivos e também vitoriosos vividos pelo país: fomos criados na década de 1930 para valorizar o profissional brasileiro e ajudar na construção do Brasil industrializado, do Brasil moderno que se avizinhava. Nas décadas de 1940 e 1950, vivemos juntos as consequências da 2ª Guerra e crescemos social e economicamente, apesar das consequências do conflito.
Nos anos de 1960 a 1980, vivemos a construção de Brasília, a mudança da capital, a renúncia de um presidente e a deposição de outro. Vivemos nesses anos também o que chamavam de “Milagre Econômico”, o avanço nas telecomunicações e da agropecuária; vivemos a campanha pelas Diretas Já; participamos da Assembleia Constituinte e da Constituição de 1988; vivemos a redemocratização do país; vivemos o Plano Funaro, o Plano Cruzado; a poupança confiscada pelo Governo; o impeachment de um presidente; vivemos o tempo da inflação; vivemos o Plano Real. Nos anos 2000, vivemos o tempo da bonança providos pelas decisões assertivas na política e na economia.
Em 2015, nesta Fortaleza, neste Ceará de todos nós, e sem me aprofundar nas causas que nos levaram a isto, o fato é que vivemos um momento de incerteza. O poder decisório de que o país precisa está nas mãos dos juristas. Quem planeja e projeta o futuro do país não é mais a nossa Engenharia. O país vive isso, cada um de nós vive esse sentimento.
Somos um reflexo do que acontece no país. Talvez seja por isso que o nosso Brasil se encontre neste momento tão difícil. Porque quando as decisões vão para as mãos de juristas, que têm que atender a uma lei de licitação, em que um edital, os termos de referência são feitos por advogados, fazem-se obras até sem projetos. Nós não podemos admitir que obras sejam realizadas sem projetos detalhados, sem projetos que especifiquem tudo o que precisa aquele empreendimento, aquela obra.
E se somos parceiros da nação, desde a primeira hora, temos que colocar nossos cérebros, nossa inteligência e conhecimento à disposição de todos e ajudar a retomar a confiança e voltar a colocar em funcionamento a máquina do desenvolvimento. Defender a Engenharia, a favor do Brasil.
Como nosso corpo físico que se movimenta sob o comando do cérebro, o país precisa de comandos precisos e úteis para voltar a se movimentar. O Brasil precisa colocar os engenheiros no centro do poder decisório. No planejamento, no desenvolvimento dos projetos de infraestrutura, na construção do nosso futuro. O país precisa dessa juventude, aqui presente nesta noite, dos Creas Jovens, dos Creas-Jr., que reunimos na segunda edição do Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia, do Sistema Confea/Crea e Mútua. E nós sabemos que, no Contecc, a maioria dos projetos vem desses jovens. Jovens que trazem a sua força, o vigor para a construção de um país soberano, de um país justo e de um país mais fraterno.
O Brasil precisa dialogar com seus países vizinhos sobre educação presencial e a distância, estimular o intercâmbio, principalmente com os engenheiros e agrônomos, que são responsáveis pela produção de riquezas deste país. Esse diálogo nós temos feito, através do Mercosul, através da Upadi e também através da Federação Mundial das Organizações de Engenharia, a FMOI. Nós temos aqui presente nessa noite, a nossa diretoria da Upadi, que representa as três Américas. Todos os nossos diretores estão aqui, teremos reuniões aqui durante a Semana, para conversarmos com as Américas e, com o Marwan, através da Federação Mundial, falarmos com o mundo. Porque hoje a tecnologia está globalizada, e as inovações ocorrem em toda parte do planeta, e o Brasil tem que estar dentro desse contexto. Para que isso ocorra, nós temos que conversar e, principalmente, receber todos os nossos parceiros e parceiras, de todos esses países. Eu quero agradecer a presença da minha diretoria da Upadi e também da Federação Mundial.
O país precisa dialogar consigo mesmo. Os políticos, os economistas, os cientistas sociais; os engenheiros, os agrônomos, meteorologistas, geógrafos, geólogos, os tecnólogos, os técnicos de grau médio, todos precisam dialogar para participar de forma ativa e inteligente da definição de políticas públicas para o país.
Nossa movimentação, enquanto liderança de um Sistema que congrega mais de 1 milhão e 300 mil profissionais, tem sido no sentido de ajudar a tirar o Brasil da inércia. Prova dessa movimentação é a Campanha Pela Engenharia – A Favor do Brasil, movimento em que estamos engajados e que procura achar um meio termo para que as apurações necessárias da Operação Lava-Jato não resultem em mais paralisações de empresas fornecedoras da Petrobras e também de outros setores. Fizemos aqui hoje uma homenagem aos colegas da Petrobras.
Participamos, ao lado de 30 representantes do governo, das empresas, dos profissionais e dos sindicatos envolvidos, de uma reunião do fórum permanente instalado pela Câmara dos Deputados para tratar dos impactos da Operação Lava-Jato para a atividade econômica do país.
Nossa movimentação inclui também a campanha “Contrate um Engenheiro”, que alcança todas as prefeituras e governos estaduais do Brasil na sensibilização para o cumprimento da legislação nas equipes técnicas dos órgãos públicos.
Nos mobilizamos e conseguimos dar um grande passo e avançarmos, em relação ao Projeto de Lei da Carreira de Estado para os engenheiros e agrônomos do Sistema. O projeto está na pauta do Senado, e não temos dúvida de que será aprovado, e nós iremos contemplar a nossa categoria. Porque um país, se quer realmente crescer e desenvolver, ele tem que colocar, realmente, como disse, a Engenharia no centro das decisões e preencher os cargos com carreira de Estado, valorizando a Engenharia e os profissionais da Engenharia.
Nossa movimentação inclui fortalecer a base social que sustenta toda e qualquer nação. É preciso voltar a crescer. É preciso parar de criticar e buscar as soluções para os estragos já causados à economia nacional. E também ao meio ambiente. É preciso nos conscientizar quanto à sustentabilidade. Precisamos da água como alimento e da energia limpa para evoluirmos de forma sustentável. É disso que falamos nesta 72ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia.
Vamos aproveitar os conhecimentos trocados nesta Semana!
E que possamos inserir esse conhecimento em nossas vidas.
Obrigado."
Presidente do Confea, eng. civ. José Tadeu da Silva





