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O Ceará recebe a engenharia e a agronomia nacionais

Fortaleza tem a honra de sediar, pela quarta vez, o maior encontro dos profissionais da tecnologia brasileira, a 72ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia. Sob o tema “Sustentabilidade: água, energia e inovação tecnológica” e com a expectativa de incrementar as discussões sobre o assunto e, mais ainda, buscar soluções por meio do conhecimento tecnológico, a Soea deverá reunir cerca de quatro mil participantes. Nesta edição da Semana Oficial será realizado, pela segunda vez, o Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (Contecc), que teve sua primeira edição na Soea do ano passado, em Teresina
(PI), com enorme sucesso. A Soea do Ceará pretende, ainda, descortinar aspectos que fazem parte da própria identidade dessa região do Nordeste brasileiro, ao longo de cinco séculos de ocupação.

Capital inquieta, Fortaleza respira poesia, história e desenvolvimento

A engenharia dos nativos brasileiros, descrita pelo cearense José de Alencar, perpetuou a saga de Peri e sua Ceci no romance O Guarani, um dos maiores clássicos da literatura brasileira. E essa obra pode nos ajudar a traçar um roteiro pelo próprio Sistema Confea/Crea e Mútua, no momento em que ele retorna a Fortaleza para promover a 72ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea).

Afinal, se o conhecimento empírico do indígena do século XVII parece descontextualizado dos atuais avanços tecnológicos cobertos pelas profissões do maior sistema profissional do planeta, convém lembrar que Peri era um índio que cedo aprendeu a conviver com o pensamento científico que caracteriza nossas profissões. Assim, agregou à experiência ancestral de seu povo um pouco dos conhecimentos hoje exercidos por engenheiros civis, mecânicos, agrônomos e ainda por geógrafos, geólogos, meteorologistas, técnicos e tecnólogos.

Ainda no universo literário, podemos passear também pelo sertão da Quixadá de Rachel de Queiroz, cujo primeiro êxito literário, “O Quinze”, remete a uma realidade climática ainda presente, e de maneira incrivelmente mais universal, um século depois. Quixadá e seus monólitos podem despertar a atenção de geógrafos e geólogos, enquanto a vizinha Quixeramobim atrai outros pesquisadores, os ufólogos. E também os historiadores, interessados em conhecer o berço do maior movimento messiânico do país, já que foi lá onde nasceu Antônio Conselheiro, o Profeta de Canudos.  Mas podemos retomar a trilha novamente em direção a Quixadá para conhecer o açude do Cedro, erguido ainda nos tempos do Imperador Dom Pedro II. Trata-se do sétimo maior reservatório de água do Estado, que tem ainda obras como o Orós (da cidade natal do cantor e compositor Fagner) e o mais recente Castanhão, ambos na região do Vale do Jaguaribe.

A “fartura” de água representa apenas um dos paradoxos guardados pela Terra de Alencar, reconhecida inclusive pelo universo cinematográfico como Terra da Luz, cujo litoral e bravura de seus personagens mais célebres, os jangadeiros, encantaram Orson Welles, nos anos 40. Litoral hoje com ares quixotescos, graças aos moinhos de produção de energia eólica que se tornaram um dos maiores símbolos do desenvolvimento do Estado. Ceará que também reserva encantos aprazíveis em regiões serranas como Guaramiranga e Maranguape (cidade natal do humorista Chico Anysio) e ainda a região de Tianguá, mais distante da capital, na fronteira com o Estado do Piauí e próxima à Ipu da Iracema…

Entre cenários bem diferentes daqueles imaginados e vivenciados por Alencar ou Rachel de Queiroz, é a Fortaleza fantástica de escritores como Moreira Campos, José Alcides Pinto, Pedro Henrique Saraiva Leão, Gilmar e Francisco de Carvalho (e sua poesia-engenharia) que receberá pela quarta vez a Soea. História viva que se conta diante de cenários mais bucólicos como o Passeio Público e a Academia Cearense de Letras ou de edificações mais marcantes como a catedral, em pleno Centro de uma capital inquieta, ensolarada e vibrante, que promove agora sua primeira Soea do século XXI.