Brasília, 25 de agosto de 2025.
Em 1978, com a abertura política já apresentando seus primeiros sinais, a família, o Estado do Maranhão e a Engenharia brasileira sofreriam um grande baque, com a despedida precoce de um talento que, aos 38 anos, já mostrara sua vocação para fazer da Engenharia Civil um estandarte para o desenvolvimento do país. José Carlos Murad Duailibe será um dos homenageados com a Láurea ao Mérito do Sistema Confea/Crea, na 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), de 6 a 9 de outubro, em Vitória-ES.

Conhecido pelas obras de infraestrutura em que logo se envolveu, após concluir os estudos na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, em 1962, José Carlos era um profissional requisitado até alguns anos antes, quando precisou afastar-se em decorrência de uma doença autoimune. Despedia-se, sobretudo, da escritora e poeta Laura Amélia Damous Duailibe e dos filhos do casal, a jornalista Karina, a advogada Carla, a economista Mônica e o engenheiro civil Nagib Duailibe Neto, então com oito anos.
Em menos de duas décadas, sua atuação intensa – primeiro ao lado do pai, o comerciante libanês Nagib Abrahão Duailibe, na Construtora Duailibe – seria consagrada entre obras urbanas, como a do Cine Passeio e a das arquibancadas do estádio municipal Nhozinho Santos, na capital, e ainda nas estradas do vasto território maranhense. Superintendente do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) nos mandatos dos governadores Antônio Jorge Dino (1970-71) e Pedro Neiva de Santana (1971-1975), soube sobressair-se com destaque diante da determinação do ministro dos Transportes, Mário Andreazza, de ampliar a malha rodoviária brasileira, sobretudo em direção ao “Norte”.

Sua competência também para agregar equipes de técnicos e engenheiros o tornou responsável por erguer a ponte sobre o rio Mearim, com 240m de extensão – 100m de vão livre, o 4º maior do Brasil à época. Pontes de concreto que seriam executadas também em outras partes do Estado. “Como projetista estrutural e um grande visionário, ele deixou como grande legado o Plano de Reintegração da Malha Rodoviária do Estado, mais do que triplicada, chegando a mais de 5500 quilômetros, incluindo uma parte da Transamazônica, em território maranhense, uma verdadeira revolução, tirando o Maranhão do isolamento, com todo o apoio do governador Pedro Neiva de Santana e do governo federal, na figura do ministro dos Transportes, Mário Andreazza”, comenta Nagib Duailibe Neto.
Destaque para os 300 quilômetros da MA-74 (BR-222), ligando as cidades Santa Luzia e Açailândia, no sudoeste do estado, descrita por Nagib como o maior corredor intermodal do Maranhão e do Brasil, interligando, além da malha rodoviária, ferrovias e o Porto do Itaqui, em São Luís. “Do ponto de vista rodoviário, o acesso ao Porto do Itaqui se dá pelas rodovias BR-135 e BR-222 que se conectam às rodovias federais (BR 316, BR 230, BR 226 e BR 010) e estaduais (MA 230) para todo o Norte e Sul do país e que deve ganhar um novo estímulo com a conclusão da Ferrovia Norte-Sul. A conexão intermodal envolve ainda a ferrovia que liga Carajás ao porto de Itaqui. Não foi uma obra da gestão dele, mas a reintegração rodoviária potencializou a vocação do complexo portuário de Itaqui, interligando-se, em sua última etapa, até o Porto de Santos, em São Paulo, pela Ferrovia Norte-Sul”, considera.
Incentivador da criação da Escola de Engenharia do Maranhão e também do Crea-MA, membro do Clube de Engenharia do Estado (que o homenagearia em 2012), José Carlos Murad Duailibe recebeu postumamente, no ano passado, a Medalha do Mérito Industrial da Federação das Indústrias do Maranhão. Sobre a homenagem do Sistema Confea/Crea, diz o atual conselheiro do Crea-MA: “É uma forma de homenageá-lo por tudo o que conseguimos, tudo o que ele nos deixou foi através da Engenharia. Escolhi a profissão como uma forma de estar próximo a ele”, aponta Nagib Neto.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea





